Saúde

Após morte de bebê, médicos serão treinados sobre leishmaniose em Três Lagoas

O objetivo é possibilitar o diagnóstico da doença em estado inicial.


(Foto: Wikicommons | Reprodução | Frank Collins)

A SES (Secretaria de Estado de Saúde) afirmou nesta segunda-feira (1º) que médicos de Três Lagoas, onde houve confirmação da morte de um bebê por leishmaniose, receberão capacitação para detecção da doença na Atenção Básica.

De acordo com a SES, a capacitação será promovida pela Gerência Técnica das Zoonoses, ligada a Superintendência Geral de Vigilância em Saúde da pasta. O objetivo é possibilitar o diagnóstico da doença em estado inicial.

Cães são considerados os principais reservatórios urbanos da leishmânia, o protozoário que é transmitido pelo flebótomo, também conhecido como mosquito-palha. Nesse contexto, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Três Lagoas realizou, na última semana, a busca ativa por focos do mosquito em nove quarteirões ao redor da casa com paciente positivo.

Foram coletadas amostras de 30 cães, dos quais cinco apresentaram resultado positivo para leishmaniose. Deste total, três animais ainda devem fazer a contra-prova e dois já foram recolhidos para eutanásia.

“Além da busca ativa, o setor de Entomologia do município instalou armadilha CDC por três dias consecutivos nas residências, intra e peridomicílio. Porém, nenhum exemplar do mosquito foi capturado”, traz a nota da SES. O setor de Endemias também realizou etapa do programa “Ação Educativa e Manejo Ambiental' a moradores da rua, que fica no Jardim Flamboyant, em Três Lagoas.

Primeiro óbito - A morte de um bebê de um ano foi o primeiro óbito por leishmaniose confirmado em Três Lagoas, cidade a cerca de 330 km de Campo Grande. A criança faleceu após procurar atendimento médico em Bauru, no Estado de São Paulo, mas é moradora do município, onde foi contaminada. O caso ocorreu no último dia 10 de março e somente na sexta-feira (29), os exames confirmaram a causa do óbito como leishmaniose.

No acumulado de 2019, Três Lagoas registrou oficialmente, até o último dia 19, um total de 25 casos suspeitos de Leishmaniose – todos descartados até a data citada. Já em 2018, foram registrados 203 casos suspeitos da doença, dos quais 7 foram confirmados. Ano passado, a cidade contabilizou dois óbitos em decorrência da doença.

De acordo com a SES, em 2018 foram contabilizadas 95 notificações de casos suspeitos da doença, dos quais 76 receberam confirmação laboratorial. Neste ano, foram 15 notificações, sendo 13 confirmações.

Neste ano, a maioria dos diagnósticos ocorreram em Campo Grande, com 6 casos confirmados. Coxim vem na sequência, com duas confirmações. Três Lagoas, Alcinópolis, Aparecida do Taboado, Aquidauana e Bataguassu já registraram um caso, cada, em 2019.

Leishmaniose Visceral - A Leishmaniose Visceral é uma doença ainda sem cura e transmitida pela picada de insetos vetores, os flebotomíneos, popularmente chamados de “mosquito palha' ou “cangalhinha'. Eles são pequenos, de cor clara e pousam de asas abertas.

O mosquito se contamina com o sangue de pessoas e de animais doentes, principalmente cães, e transmite o parasita à pessoas e animais sadios. Existem dois tipos de leishmaniose, a visceral e a tegumentar.

Entre os principais sintomas da leishmaniose visceral, considerada mais grave, estão alteração do estado geral, febre, palidez, fraqueza e aumento das vísceras – principalmente do baço, do fígado e da medula óssea. Nos cães também pode haver descamação de pele e crescimento progressivo das unhas.

Para combater os focos do mosquito, é fundamental manter terrenos limpos de resíduos orgânicos, como folhas, frutas e lixo comum – diferentemente do mosquito Aedes aegypti, que transmite dengue, zika e chikuyngunia, o mosquito-palha não precisa de água parada para se reproduzir.