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Obesidade em cães e gatos: dicas de como evitar e contornar

Problema é fator de risco para várias doenças e pode diminuir a expectativa de vida do seu bichinho


Obesidade em cães e gatos: dicas de como evitar e contornar

Um cachorrinho em casa é (praticamente) sinônimo de ter sempre alguém te olhando comer... E, de quebra, alguém que fica te  pedindo um pouquinho de comida de vez em sempre. Com aquela carinha de ‘coitadinho’ que esses animais bem sabem fazer, dá até dó não compartilhar nada. Pois cuidado! Essa prática pode estar ajudando seu bichinho a entrar em um quadro de obesidade. 

Esse é um dos problemas mais comuns em clínicas veterinárias. E eles vêm aqui por outros motivos - consultas periódicas ou observações diversas -, e a gente que avisa ao tutor que o cão está obeso. É bem recorrente, inclusive, falarem que o animal está mais bonito assim,  gordinho... Não é uma tarefa fácil mostrar que é um problema e que pode trazer consequências ruins”, diz a veterinária Cintia Serravalle, da Semeve. 

Muitos tutores não percebem quando o cão está obeso
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

E não ache que, se você tem um felino, está livre  - esses animais também sofrem, comumente, desse mal. “Tutores precisam reconhecer a obesidade em seus gatos ditos ‘fofinhos’”, afirma Aretha Alves Borges, veterinária e professora do curso de Medicina Veterinária da FTC. 

Uma vez diagnosticado o quadro, há algumas coisas que os humanos podem fazer para ajudar seus bichinhos. A primeira é: pare de dar uma parte da sua refeição. E é bom abolir petiscos o tempo todo - eles também podem contribuir com a obesidade.  

Felinos também sofrem com o quadro
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

“No caso do alimento dele, você pode fracionar em pelo menos duas vezes ao dia. É ideal também pesar a comida sempre, para garantir que está sendo dada a dosagem correta”, lembra Cintia Serravalle. 

Para saber qual a dieta certa, lembre de consultar um profissional especializado. “Ele que vai instituir qual o alimento mais indicado e a quantidade, de acordo com fatores como idade e raça”, continua.

Outra dica para ajudar seu cachorro é tirá-lo do sedentarismo. “Cães podem ser levados para passear e realizar exercícios físicos, como nadar”, lembra a veterinária Tatiana Feuchard, do Mundo Pet.

Para os felinos, há também indicações. “Disponibilize brinquedos e estimule exercícios colocando pequenas quantidades de comida pela casa, em vez de fornecê-la em uma única tigela”, segue. 

Com os gatos, dá para estimular exercícios usando a comida
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

Tentou de tudo e não funcionou? Então pode haver outro problema. “Cães que não perdem peso mesmo mediante exercícios e dieta  podem ter doenças endócrinas  como causa da obesidade”, fala Aretha.

Como reconhecer?
Se seu bicho está gordinho, não necessariamente ele será obeso.

“Estar acima do peso configura-se em sobrepeso. A obesidade é uma doença multifatorial, caracterizada por excesso de gordura corporal que gera comprometimento das funções fisiológicas do animal. Trata-se de um desequilíbrio entre consumo e gasto de energia, levando a um acúmulo de gordura que visualizamos como ganho de peso e mudança corporal”, explica Aretha. 

A obesidade compromete as funções fisiológicas do animal
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

E como saber se ele está com sobrepeso ou obeso?

“A percepção dependerá de quem avalia: tutor ou médico veterinário. O primeiro queixa-se de animal sedentário ou mais lento. Que esse bichinho não corre e não sobe na cama ou sofá como antes. Ou que o dono não sente mais os ossos da costela ao acariciar seu animalzinho. O acúmulo de gordura no abdômen também é sinal fácil de notar. Já  o médico veterinário caracteriza a obesidade baseado no exame físico: inspeção e palpação”, fala Aretha.

A médica veterinária continua: “Na inspeção, verifica-se animal em formato de ampulheta, através da  maior proporção de gordura corporal em costelas, abdômen. Esse abdômen encontra-se abaulado a partir da última costela, devido ao depósito de gorduras. Avaliamos o escore corporal do paciente, segundo a dificuldade em palpar as vértebras, costelas e osso do quadril”.

O médico veterinário pode fazer uma inspeção para caracterizar o quadro
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

Os perigos
Como já adiantou Aretha, a obesidade gera comprometimento das funções fisiológicas.

“É um fator de risco para várias doenças, incluindo problemas articulares e locomotores, doença cardiovascular, condições respiratórias, alterações endócrinas, dermatopatias, doença do trato urinário, aumento do risco cirúrgico, constipação e flatulência, prejuízos na resposta imune e câncer”, enumera Tatiana Feuchard.

A obesidade nos felinos pode favorecer o acúmulo de gordura no fígado
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

“Em felinos, tem como causa secundária a diabetes melitus, uma das endocrinopatias mais prevalentes nesses animais. Além disso, favorece o acúmulo de gordura no fígado. Gatos também podem apresentar alteração articular em virtude da sobrecarga de peso”, lembra Aretha.   

Com tantos possíveis problemas que podem ser desencadeados pela obesidade, a expectativa de vida acaba sendo diminuída.  Em cães, isso foi confirmado por um estudo publicado na revista Science News em janeiro passado, feito pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, e pelo Waltham, um centro inglês de nutrição e bem-estar animal.

Ele concluiu que  a vida útil de cachorros que estavam acima do peso foi de até dois anos e meio mais curta quando comparada a outros de peso ideal. Para chegar ao resultado, foram examinados mais de 50 mil bichos.    

Cães obesos podem ter a expectativa de vida diminuída
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

A raça também pode influenciar nos problemas relacionados à obesidade.

“Em cães braquicefálicos (aqueles de fucinho ‘achatado’, como Bulldog Francês,  Pug, Boston Terrier e Shih Tzu), ela exacerba outras doenças respiratórias, como a síndrome da obstrução das vias aéreas, devido ao aumento do depósito de tecido adiposo na face, pescoço e tórax - com consequente aumento da resistência dos movimentos respiratórios. Inclusive, agrava a condição de pacientes com colapso de traqueia”, diz Aretha. 

A obesidade em cachorros braquicefálicos, como os pugs, pode prejudicar ainda mais a respiração
(Foto: Shutterstock/Reprodução)

“Devido à predisposição genética  à obesidade pelos cães das raças retrievers (Labrador e Golden) e Rottweilers, há um agravamento dos problemas articulares que acometem esses cães. O excesso de peso sobrecarregando uma articulação inflamada (artrite) gera intolerância ao exercício”, encerra.