Suelen morreu por dizer não e família nunca entendeu o porquê de tanto ódio

Quinze anos depois, o assassino foi finalmente preso, mas “a dor não sara", diz pai da vítima


família sabia que ele estava na região de Ponta Grossa, mas já tinha perdido a esperança de localizá-lo. (Foto: Marina Pacheco)

O machismo mata e muito antes do crime ser chamado de feminicídio. Na noite do dia 3 de julho de 2004, Suelen Cristaldo foi morta com um tiro nas costas por um desconhecido que se sentiu rejeitado. Com apenas 20 anos, a jovem pagou o preço de um “não” com a própria vida. Foragido desde o crime, Cleberson Proença de Almeida, de 34 anos, é acusado de homicídio qualificado e foi preso há quatro dias em Ponta Grossa-PR. Quase nada mudou em sua fisionomia (fotos na galeria), assim como a dor da família da vítima que esperou 15 anos por justiça e ainda se pergunta: Por que tanto ódio?

A vítima estava acompanhada do namorado em um bar do Bairro Universitário. Assim que o namorado da jovem se ausentou para ir ao banheiro, o acusado tentou investir na jovem, mas foi rejeitado. O namorado de Suelen retornou e uma discussão foi iniciada. Inconformado com a situação, o autor saiu do local, buscou uma arma, perseguiu o casal e matou Suelen.

Ela era a caçula de três irmãos e a única que ainda morava com os pais. A notícia do assassinato levou parte do coração de todos, principalmente da mãe que morreu há 6 anos por complicações de uma doença renal.

 
Foto da carteira de trabalho de Suelen que havia sido feita pouco tempo antes do crime. (Foto: Marina Pacheco)Foto da carteira de trabalho de Suelen que havia sido feita pouco tempo antes do crime. (Foto: Marina Pacheco)

Cantora, palestrante na escola onde estudou e musicista auditada. É assim que o corretor de seguros Aildo Cristaldo, de 68 anos, lembra orgulhoso da filha. Com lágrimas nos olhos, ele se diz livre e confiante de que a condenação do assassino dará conforto terreno a uma dor que nunca cessa.

“A justiça tem de ser feita. Quem ceifou uma vida foi ele. Ela tocava violão, piano, já tinha cantado com Edson e Hudson e de repente um indivíduo ceifa a vida dela. O desespero e dor são tão grandes que a gente pensa em justiça com as próprias mãos. Às vezes a gente também perde esperanças. Mas hoje estou com a minha filha Evilin, tenho outro filho de 45 anos, e posso ir em qualquer lugar por nunca ter feito nada de errado contra ninguém. Ele [assassino] está encarcerado. A justiça de Deus nunca falha e dos homens está se cumprindo. Também sou muito grato à polícia que nunca deixou de nos apoiar. Mas perdemos a Suelen”, frisa seu Aildo.