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Bloco de pessoas com deficiência nasceu para despir folião do preconceito

No domingo, bloco integrado por pessoas com deficiência desfilam na Avenida Calógeras


Ensaio do bloco 'Nada sobre nós, sem nós'. (Foto: Arquivo Pessoal)

A alegria do músico Damião Zacarias, de 43 anos, é muito clara ao falar do Carnaval. A voz aumenta, animada, ao saber que no próximo domingo, no desfile dos Blocos Oficiais da Ablanc (Associação dos Blocos, Bandas, Cordões e Corso Carnavalesco Cultural de Campo Grande) o principal estandarte será o da inclusão. Cego desde os 29 anos, foi ele quem motivou a criação do bloco oficial “Nada sobre nós, sem nós' que levara neste ano pessoas com deficiência à avenida para foliar.

A iniciativa terá seu desfile a partir das 18h, na Avenida Calógeras, no Centro. Damião relata orgulhoso a consolidação do bloco no último dia 9 de fevereiro, no Ismac (Instituto Sul-mato-grossense para Cegos) ao lado de 40 pessoas que assinaram a fundação.

“Eu quis para ter a união das pessoas com deficiência. Tudo surgiu de uma brincadeira na mesa sobre a vontade de ter um bloco de Carnaval e mostrar para a nossa sociedade que a gente consome e merece participar do lazer e da cultura na nossa cidade', diz Damião.

Assim como outros integrantes, Damião diz carregar uma paixão profunda pelo Carnaval que o faz lembrar de bons momentos da família em Corumbá, uma das cidades do Estado mais festivas em época de folia. “Meus parentes gostam muito, todo mundo pula o Carnaval'.

Quatorze anos atrás, uma cirurgia lhe tirou completamente a visão, mas não o sentimento quanto fecha os olhos e pensa no Carnaval. “É um momento de manifestação popular, de alegria, de contato com outro. No começo, sem a visão foi muito difícil, mas com o tempo eu vi que poderia continuar vivendo e que as pessoas com deficiência merecem viver juntos nessa, porque ninguém é melhor do que ninguém só porque é diferente', pontua.

Damião já desfilou, é músico, toca na banda do Corpo de Bombeiros e faz parte de um projeto idealizado por ele para tirar adolescentes e crianças das drogas. E no domingo quer fazer bonito ao lado dos amigos. “Não estou ansioso, estou animado, quero que o máximo de pessoas participem, é um direito de todos e o nosso discurso será o da alegria, para despir todo mundo do preconceito'.

O nome do bloco foi escolhido com base no lema adotado pelas pessoas com deficiência, para que nenhuma decisão que as afete seja tomada sem sua participação. “Vai falar de mim, me chame, isso é muito importante'.

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