Mato Grosso do Sul

Plano de Lula para a indústria é bom para o Estado, diz secretário

Programa Nova Indústria Brasil quer impulsionar o segmento com R$ 300 bilhões em recursos.
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Mato Grosso do Sul deve se beneficiar com o programa Nova Indústria Brasil (NIB). Lançado na segunda-feira, o plano disponibilizará R$ 300 bilhões para incentivar o desenvolvimento industrial do País. A nova política tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. As diretrizes anunciadas pelo governo federal estão alinhadas com as já adotadas pelo Estado. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a indústria de Mato Grosso do Sul pode ter uma vantagem na hora de buscar esses recursos. “Temos uma capacidade de apropriação significativa de recursos, de novos investimentos e de portfólio de recursos para a economia sul-mato-grossense. Fiquei muito contente com aquilo que apresentaram, tecnicamente, esse conceito das missões empresariais trouxe o desenvolvimento industrial brasileiro para uma pauta de descarbonização, de desenvolvimento da bioeconomia, participação da economia internacional”, explica o secretário. “Acho que isso é significativo e está muito alinhado com a proposta do governador Eduardo Riedel em termos de estratégia, acho que a gente ganha força na estratégia de desenvolvimento industrial de Mato Grosso do Sul”, complementa. A nova política prevê o uso de recursos públicos para atrair investimentos privados. Entre as medidas, a criação de linhas de crédito especiais, subvenções, ações regulatórias e de propriedade intelectual, bem como uma política de obras e compras públicas, com incentivos ao conteúdo local, para estimular o setor produtivo visando o desenvolvimento do País. Durante o lançamento do NIB, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que a nova política posiciona a inovação e a sustentabilidade no centro do desenvolvimento econômico, “estimulando a pesquisa e a tecnologia nos mais diversos segmentos, com responsabilidade social e ambiental”. MISSÕES O programa elenca seis missões para o Brasil alcançar até 2033, a primeira delas é focada nas cadeias agroindustriais, com o objetivo de aumentar para 50% a participação da agroindústria no PIB agropecuário; alcançar 70% de mecanização na agricultura familiar; e fornecer pelo menos 95% de máquinas e equipamentos nacionais para agricultura familiar. Como já adiantado pelo Correio do Estado, na edição do dia 11 deste mês, MS está deixando de ser “celeiro” para se tornar “supermercado”, ou seja, hoje, o Estado consegue vender não só sua produção primária, mas também o produto transformado. Cerca de 50% de toda a produção comercializada com o mercado internacional no ano passado foi de itens que passam por processo industrial, e o programa nacional deve ajudar a ampliar esse processo. “Especificamente nessas cadeias agroindustriais, você vê na própria exportação, hoje praticamente ultrapassamos as exportações, as nossas cadeias agroindustriais exportam mais do que o agro, e a nossa tendência é exatamente a famosa agregação de valor a esse processo. Quando a gente trabalha nessas metas que eles estabeleceram, que é ampliar a participação do setor agroindustrial nas exportações de 23% para 50%, MS já trabalha hoje com mais de 50%”, reitera Verruck. Outro ponto em que a política nacional converge com os objetivos estaduais é em relação à transformação digital proposta. Conforme o programa, a intenção é digitalizar 90% das indústrias brasileiras e triplicar a participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias. “A ideia é financiar equipamentos e tecnologia para a indústria brasileira ser mais competitiva. Isso também ajuda todo o setor industrial sul-mato-grossense, e é extremamente importante”, considera o secretário. Ainda entre as metas apontadas pelo plano federal, estão a bioeconomia, a descarbonização e a transição energética, cujo objetivo é cortar em 30% emissão de gás carbônico por valor adicionado do PIB da indústria; elevar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes; e aumentar o uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano. “A missão do governo para a bioeconomia é promover a indústria verde, reduzindo em 30% a emissão de CO2, e Mato Grosso do Sul já está nesse nível, com praticamente 86% da sua matriz renovável. Então, acho que MS, novamente, tem aí uma vantagem significativa em comparação com outros estados para se apropriar dessa nova proposta de política industrial”. Na área urbana, a meta é digitalizar 90% das indústrias e diminuir em 20% o tempo de deslocamento da casa para o trabalho; e na Saúde produzir 70% dos medicamentos, vacinas, equipamentos, materiais e insumos. PROGRAMA Após o anúncio do plano nacional, alguns economistas e setores da sociedade criticaram o programa, principalmente pelo alto valor a ser disponibilizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os financiamentos do BNDES relacionados à inovação e à digitalização serão corrigidos pela Taxa Referencial (TR), que é mais baixa do que a Taxa de Longo Prazo (TLP). Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) elogiou a definição de metas e de prioridades para cada uma das seis missões definidas no plano. A entidade frisa que o programa anunciado nesta segunda-feira segue os moldes de um plano entregue por ela própria ao governo no ano passado. “A indústria brasileira precisa de instrumentos modernos e semelhantes aos que promovem a indústria nas nações líderes. É preciso recolocar a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento, para podermos retomar índices maiores de crescimento e ofertar um caminho consistente e alinhado com o que os países desenvolvidos fazem”, destacou o vice-presidente da CNI, Léo de Castro, no comunicado. Verruck considerou fundamental o anúncio dos R$ 300 bilhões para concretizar o plano, refutando questionamentos a respeito. “Vai ter de ser um financiamento subsidiado. Com isso, estamos retornando à discussão de incentivos à indústria brasileira, como é na agricultura. Fazer um financiamento subsidiado e encarar isso é necessário. Para a retomada da indústria brasileira, nós precisaremos de recursos subsidiados e, obviamente, o conjunto da sociedade terá de pagar esse subsídio para o desenvolvimento industrial, para a geração de valor, para a questão da geração de emprego”, finaliza Verruck. - CE