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Campo Grande: No 1º dia desfile, arquibancadas ficam lotadas para ver escola passar

A Passarela do Samba, na região da Praça do Papa, recebeu três agremiações e uma escola mirim nesta segunda-feira


Campo Grande: No 1º dia desfile, arquibancadas ficam lotadas para ver escola passar

Arquibancadas lotadas e gente às margens da avenida. Celulares nas mãos, muito amor pelo Carnaval e samba no pé. Foi assim o primeiro dia de desfiles das escolas de samba de Campo Grande, na noite desta segunda-feira (4), na região da Praça do Papa.

A Passarela do Samba recebeu três agremiações e uma escola mirim. Eram 20h30 quando a Herdeiros do Samba entrou na avenida. O enredo “Amai-vos uns aos outros' foi cantado e apresentado por crianças. Na comissão de frente, bailarinas abriam caminho para as alas que pregavam o amor segundo Jesus Cristo.

Foram quatro meses de preparação, que terminaram com muito improviso na Avenida. As fantasias e os carros alegóricos deste ano foram feitos em quatro meses, mas quem fez a festa na Passarela do Samba apareceu só ali mesmo, de última hora.

“Tem algumas crianças que são da escola já, mas a maioria os pais levam ali na hora, colocam a fantasia e vão desfilar', conta Cecília Neves, que há quatro anos ajuda a escola a montar o desfile. Desta vez, além de cuidar da organização, ela viu a neta de 4 anos, Marina Morena, brilhar em um dos carros da escola.

Luan Cristian, de 7 anos e Maria Isabel, de 14, aceitaram o desafio de entrar na Avenida minutos antes da escola desfilar, com ajuda da mãe do menino, Sueli Honorio, os dois logo encontraram uma fantasia. “Improvisamos uma fantasia para caber nele e fiquei procurando uma para ela. Ainda sobrou um monte de roupa bonita lá, não tinha criança suficiente'.

A diversão foi tanta que os três ainda fizeram parte do segundo desfile da noite, da Unidos do Aero Rancho. A agremiação verde e branco pintou a avenida de dourado para homenagear a Bahia

O enredo “A Bahia é aqui meu rei, com muita festança e axé', animou o público na voz das três intérpretes da escola. Na comissão de frente o Grupo Teatral 'Falta Um' reproduziu a disputa entre Ogum e Xangô pelo amor de Iansã.

“Não dá para falar da bahia sem contar um pouco da religiosidade desse povo e foi isso que a gente tentou trazer para Avenida, o nascimento de Ogum, que é um deus para muitos baianos', afirmou Tero Queiroz, responsável pela peça.

A ala das baianas ganhou um carro alegórico em homenagem ao tradicional cortejo da lavagem das escadarias da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. A bateria animou e encantou, toda vestida de Olodum, um dos principais blocos de carnaval de Salvador.

A terceira escola da noite emocionou ao contar a própria história com uma homenagem ao seu fundador, Gilberto Carlos Corrêa Lopes, morto há exatos dois anos. Com uma alegria contagiante a Cinderela Tradição, agremiação nascida e criada no Bairro José Abrão, chamou atenção com guerreiros vestidos como mosqueteiros e espadas nas mãos na comissão de frente.

Na frente da bateria, três passistas levantavam o público, entre elas Ingrid Corrêa, sobrinha de Gilberto. Com apenas 12 anos e três desfiles nas costas, a menina mostrou que o samba o pé e o amor pelo carnaval está no sangue. “Os ensaios foram muito difíceis, mas faço tudo isso por amor, principalmente para homenagear meu tio'.

Ao lado dela Kerken de Souza, de 25 anos, brilhou ao conduzir a bateria e desfilar grávida por toda a Passarela do Samba. Com sete meses de gestação, conta que essa é a terceira vez que entra pela Cinderela. “Dessa vez tive um pesinho a mais, mas ela me ajudou muito, pulando o tempo todo dentro de mim'.

Emoção que transbordava no samba também era vista nos pés de Serginho Pires. “É uma emoção muito forte, principalmente pela homenagem ao Gilberto, uma grande pessoa que era como um pai para todos nós'.

A última agremiação a pisar na Avenida foi a Unidos de São Francisco. Para falar de desmatamento, a escola levou para a Passarela a mãe natureza em forma de árvore e alas quase que inteiras compostas por crianças. Entre tantos rostos jovens, a disposição de uma senhora de 68 anos foi que encantou.

Na ala das baianas Isabel Xavier Farias flutuava ao fazer a saia rodar na Avenida. A tradição do desfile, segundo ela, começou há mais de cinco anos. “É muita disposição e alegria. Eu amo música, enquanto der vou estar aqui'. Ao fim do último desfile a chuva apareceu e coroou o dia.

Para a organização, mais de 6 mil pessoas estiveram no desfile. “O público me surpreendeu, as escolas tiveram seu momento e o público foi muito receptivo a isso', afirmou o presidente da Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande), Eduardo Souza Neto.