Mato Grosso do Sul

Com planejamento e governança MS se prepara para controlar e combater incêndios florestais

Bombeiros estão orientando e capacitando os peões de fazendas e ribeirinhos para proteção e combate ao fogo.


O planejamento operacional dos bombeiros prevê o emprego de metade do efetivo (1.500 militares)

As ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no Pantanal e outras regiões de Mato Grosso do Sul estão mobilizando o Governo do Estado, com coordenação da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e Corpo de Bombeiros. Com apoio de sindicatos rurais, prefeituras e organizações ambientais, a meta é concentrar esforços na prevenção, com mais coordenação e resposta rápida.

Ao declarar emergência ambiental por 180 dias e criar um plano de manejo integrado do fogo pode evitar eventos extremos como os que ocorreram ao longo de 2020, o Estado antecipou-se ao período climático crítico devido ao prolongamento da seca no Pantanal. A Semagro lançou um plano de ações planejadas que, pela primeira vez, integra todos os setores envolvidos – bombeiros, produtores rurais, comunidades ribeirinhas, Ministério Público e ONGs.

Colocando todo seu efetivo em estado de alerta, o Corpo de Bombeiros iniciou a primeira etapa do plano, que consiste no trabalho de treinamento e formação de novas brigadas nas propriedades rurais e núcleos de comunidades tradicionais, além do levantamento da logística para garantir acessos por terra a regiões isoladas e monitoramento constante das áreas críticas. O propósito é tornar possível uma ação efetiva em caso de incêndios.

“Além dos investimentos do governo em aquisição de equipamentos e contratação de horas de voo, é fundamental a ação do Corpo de Bombeiros na capacitação dos trabalhadores rurais e ribeirinhos para atuarem na prevenção ao fogo e a integração com as ONGs que já contam com suas brigadas”, afirma Jaime Verruck, secretário da Semagro. “Estamos trabalhando na prevenção e criando uma estrutura muito forte para o combate e responsabilização ao fogo.”

União para evitar o pior

A iniciativa inovadora de criar um plano de manejo ao fogo, segundo Verruck, já surte efeitos, com o Imasul recebendo pedidos para aplicação dos métodos como mecanismo de prevenção nas áreas privadas, que se estendem também às unidades estaduais de conservação. Nesta semana, a Semagro lança a campanha “Pantanal Sem Cinzas”, um alerta à sociedade de mais um ano crítico e a importância de se evitar novo desastre ambiental e econômico.

O secretário destaca a participação do setor rural ao plano, por meio da Famasul, citando que o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) também estará atuando na capacitação dos trabalhadores rurais e ribeirinhos como brigadistas. “Teremos uma ação mais coordenada este ano, sabendo dos riscos da propagação do fogo no Pantanal e outras regiões em razão da seca, e o mais importante, com governança e foco na prevenção”, observa Verruck.

Para o presidente do Sindicato Rural de Corumbá (maior município pantaneiro, com 45% da área dentro do bioma), Luciano Leite, a tomada de decisões do Governo do Estado e as ações dos bombeiros vão reduzir a incidência dos focos de calor. “A Famasul também criou um programa para atender as demandas e todas as entidades ligadas ao Pantanal estão engajadas, bem como a prefeitura de Corumbá. Então, com essa união vamos evitar o pior”, comenta.

Base fixa no Pantanal

O comando do Corpo de Bombeiros define esta semana a área onde será instalada uma base fixa da corporação no Pantanal do Paiaguás (Norte de Corumbá), com dez bombeiros, próxima ao Rio São Lourenço. Esta região foi uma das mais afetadas pelos incêndios em 2020 e os pantaneiros reivindicaram ao governador Reinaldo Azambuja o levantamento de aterro em 6 km de uma estrada ao Porto do Alegre para garantir acesso à localidade, hoje alagada.

O planejamento operacional dos bombeiros prevê o emprego de metade do efetivo (1.500 militares) para o combate aos incêndios florestais este ano, além das brigadas das reservas, das fazendas e do Prev-Fogo. A formação dos brigadistas já está em curso em Corumbá, onde equipes do 3º Grupamento do Corpo de Bombeiros, em revezamento, estão percorrendo as propriedades rurais e comunidades ribeirinhas para orientar e treinar os voluntários.

”Conhecendo as estruturas e os acessos às fazendas teremos como direcionar as equipes em caso de incêndios”, explica o comandante do grupamento, tenente-coronel Luciano Alencar. Sob seu comando, bombeiros de Corumbá, Jardim, Maracaju, Dourados, Ponta Porã e Campo Grande estão inspecionando as fazendas para detectar, diagnosticar e corrigir qualquer situação que possa ocasionar fogo, além de monitorar e aceirar as pontes de madeira.

Na região da Nhecolândia, os bombeiros se instalaram na Base de Estudos do Pantanal, da UFMS, e repassaram técnicas de combate e manuseio de equipamentos aos peões de fazendas e funcionários de pousadas, além de identificar dificuldades de acesso (concentração de areia e portões das propriedades fechados com cadeado). Outra equipe visitou os assentamentos rurais e a APA (Área de Preservação Ambiental) de Ladário, onde o fogo foi intenso em 2020.

 

 

 

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