O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STTCU-CG) decidiu por deflagrar uma greve geral dos ônibus a partir da próxima segunda-feira, dia 15. A deliberação ocorreu após duas assembleias simultâneas realizadas na manhã desta quinta-feira (11) nas garagens do Consórcio Guaicurus. A decisão contou com o apoio de mais de 200 motoristas, que manifestaram sua insatisfação por estarem há sete dias sem receber o salário, cujo pagamento era esperado para 5 de dezembro.
O atraso no salário integral é inédito, de acordo com o sindicato e os trabalhadores. Até o momento, os atrasos se restringiam ao adiantamento salarial, conhecido como vale, que corresponde a 40% da remuneração. Além da pendência salarial atual, a categoria expressa preocupação com o possÃvel não pagamento da segunda parcela do 13º salário e do próprio vale do mês, ambos previstos para o dia 20 de dezembro.
As assembleias tiveram inÃcio com a primeira chamada à s 4h da manhã nas garagens localizadas na Avenida Gury Marques (Vila Cidade Morena) e na Rua Marina Luiza Spengler (bairro Ana Maria do Couto). O presidente do STTCU-CG, Demétrio Freitas, conduziu a reunião na garagem da Avenida Guaicurus, onde mais de 100 trabalhadores votaram unanimemente a favor da paralisação. No pátio do Ana Maria do Couto, cerca de 100 motoristas participaram da assembleia presidida pelo secretário-geral Santino Cândido Meira, onde a maioria esmagadora apoiou a greve, sem nenhum voto contrário registrado. O primeiro ônibus só conseguiu deixar a garagem após as deliberações, à s 4h37.
Santino Meira explicou que o horário incomum das assembleias, 4h30 da manhã, foi escolhido por questões logÃsticas, devido à rotatividade e aos horários de pico dos profissionais de transporte, que estariam em seus primeiros turnos em horários posteriores. Com a aprovação da greve, o sindicato planeja notificar a Prefeitura, Câmara Municipal, hospitais, PolÃcia Militar e a Justiça ainda nesta quinta-feira. Se os pagamentos pendentes não forem quitados até segunda-feira, a circulação de ônibus em Campo Grande será interrompida.
A falta de certeza sobre os pagamentos gerou grande tensão nas garagens desde a semana passada. Um motorista de 58 anos, com mais de 30 anos na profissão, relatou que o atraso no salário integral é algo inédito em sua carreira, que começou em 1990. Outro motorista, de 49 anos e trabalhando desde 1991, declarou que a categoria atingiu o seu limite. Ele destacou que a situação é uma "falta de respeito" e que não há como trabalhar sem receber, pois as contas e as necessidades familiares não podem esperar, apesar de reconhecer o impacto da paralisação na população.
- Redação





