A paralisação dos motoristas de ônibus em Campo Grande ganhou novos capítulos de tensão nesta quarta-feira (17). Após uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que terminou sem acordos, a categoria, movida por um sentimento de indignação, decidiu manter a greve total. O movimento, iniciado na última segunda-feira após o anúncio feito na semana anterior, permanece firme na exigência do pagamento integral dos salários, vales e do décimo terceiro, uma vez que os trabalhadores receberam apenas metade dos valores devidos.

No âmbito jurídico, a decisão do TRT-MS determinou que o serviço deveria ser retomado parcialmente, estabelecendo que 70% da frota circulasse nos horários de pico e pelo menos 50% nos demais períodos. O descumprimento dessa ordem implica em uma multa diária de R$ 200 mil. Contudo, a base da categoria optou por ignorar a determinação de retorno imediato, alegando que o Consórcio Guaicurus não apresentou nenhuma proposta concreta ou previsão de depósito para os débitos pendentes. Para os representantes sindicais, a volta ao trabalho está estritamente condicionada ao acerto financeiro, reforçando que, apesar dos transtornos à cidade, os profissionais dependem desses recursos para sua subsistência.

Enquanto o impasse persiste, o cenário político local revela uma troca de responsabilidades. A prefeitura de Campo Grande sustenta que os repasses contratuais estão em dia, mas evita abordar publicamente questões críticas como o saldo devedor e as disputas judiciais envolvendo o valor da tarifa. Sem um horizonte claro para o pagamento, o sindicato planeja novas rodadas de discussões, mantendo o uso de mecanismos legais para assegurar os direitos trabalhistas, enquanto a população da Capital segue enfrentando a ausência do transporte coletivo.

- Redação